domingo, 25 de dezembro de 2011

Os Livros como Companhia - Revista do Correio 25/12/2011

PAIS E FILHOS »Os livros como companhiaEnquanto aguardam a volta às aulas, as crianças podem ficar em contato com o prazer da leitura sem compromisso


Publicação: 25/12/2011 08:00 Atualização: 23/12/2011 20:36

Soraya incentiva seus filhotes (Giulia, Matheus e Hany) a encarar os livros como um lazer (Iano Andrade/CB/D.A Press)
Soraya incentiva seus filhotes (Giulia, Matheus e Hany) a encarar os livros como um lazer

Dizem que o que vivemos na infância pode se refletir diretamente em nosso presente. É assim com o gosto pela leitura. Livros de aventura, monstros e princesas fazem parte do universo infantil e servem de base para criar essa hábito gostoso. Neste período de férias escolares, o mundo mágico das letras pode ser um a ótima pedida para divertir os pequenos, no lugar de jogos eletrônicos e bonecas.

Eis uma maneira de fugir daquilo que, para a professora de formação do leitor da Universidade de Brasília (UnB), Simone Amaral, é um grande desafio para pais e educadores: a visão equivocada de que ler é uma obrigação dos estudos. A comerciante Soraya Cury, 30 anos, sabe dessa dificuldade e instiga os três filhos — Giulia, 10 anos, Matheus, 6, e Hany, 2 — a ler de forma divertida. “No colégio dos meninos tem o Clube do Livro e eles adoram. Também gostam de ler uns para os outros e a pedir opinião para nós (os pais). São eles que pedem para ir à livraria”, conta. A filha Giulia acrescenta: “O melhor é que somos incentivados a escrever e construir nossos próprios livros, e falar com os autores”.

Especialistas lembram que ler não é importante apenas para disciplinas como português ou história, mas também ajuda o rendimento em outras matérias, até mesmo matemática, em que a interpretação dos problemas é fundamental. Trabalhando há 35 anos na profissão de agente literária — facilitadora do contato entre autores e editoras —, Íris Borges, 61, afirma que a integração autor-público, com visitas dos escritores às escolas, é uma orientação educacional que vem crescendo. “A conversa sobre o processo de criação com os autores ajuda na formação leitores e, também, de novos escritores.”, diz.

Essa é a proposta da Campanha Ler está na moda, cujo objetivo é dar visibilidade aos escritores nacionais. Com foco em jovens de 12 a 18 anos, a iniciativa promove bate-papos mensais com os escritores e seus fãs. O calendário de eventos deste ano já está encerrado, mas, em breve, a programação de 2012 poderá ser vista no site do grupo: http://lerestanamoda.blogspot.com/

Rodízio literário
O Clube do Livro funciona da seguinte maneira: todas as crianças compram um livro e, durante dois meses, as obras são revezadas entre elas. “Assim, vão ter lido, no mínimo, dez livros, fora as leituras extras que trazemos para a sala. E isso que é bacana: é tudo pelo prazer”, garante o professor de ensino básico Pedro Cavalcante.

Contação de histórias
O livro também tem que ter atrativos para cada momento. Os profissionais da área aconselham que a crianças fiquem íntimas do objeto livro, seja pelo colorido das páginas ou por um boneco que saia de dentro da obra. É essencial fazer com que os pequenos queiram estar perto dos livros. “A partir do lúdico, do inventivo, é que a gente vai expandindo a nossa percepção da obra. Não é a toa que, para as crianças pequenas, agradam muito as brincadeiras com a palavra”, explica a professora Simone Macedo. O conteúdo da obra não precisa ser, necessariamente, fantasioso. Já existem, por exemplo, diversos livros nos quais questões como consciência ambiental são trabalhadas em linguagem acessível.

Fantoches, desenhos e entonações de voz são recursos comuns para despertar esse interesse. De acordo com o professor Pedro Cavalcante, outra importante medida é o apoio dos pais. E alerta: apesar de a escola ter o papel de incentivadora, a responsabilidade familiar tem um peso maior. “É interessante que, em casa, exista um canto da leitura. Esse lugar tem que ser aconchegante, ser gostoso, para quando as crianças quiserem ir lá e ler”, ensina.

O momento ideal para que esse contato pai-filho aconteça é antes de dormir, acredita Regina Dalcastagne, professora de literatura da UnB. “Sempre lia para meu filho nesse período. E ele sempre foi uma criança crítica e interessada por livros. Às vezes, até temos que pedir para ele sair para jogar bola”, brinca, acrescentando: também é fundamental atiçar a curiosidade dos pequenos na hora da leitura.

A Revista selecionou algumas ótimas opções de livros para a criançada. Confira:


 (Iano Andrade/Reprodução/D.A Press)
Mãenhê! 

Autor: Ilan Brenman;
Ilustrador: Guilherme Karsten;
Editora: Brinque-book;
R$29
Todo dia era a mesma gritaria: “Mãenhê!”. A mãe não aguentava mais os dois filhos chamando por qualquer motivo. Então, resolveu bolar um plano para que isso parasse. Para descobrir o que aconteceu, é só começar a ler!


 (Cortez Editora/Reprodução)
Madiba: o menino africano

Autor: Rogério Andrade Barbosa.
Ilustração: Renato Alacão;
Editora: Cortez;
R$27
O menino Mandela, que nasceu predestinado a ser o líder de seu país, foi o primeiro dos treze irmãos a estudar em uma escola rural. Mais tarde, tornou-se Nelson e se mudou para Joannesburgo a fim de cursar direito em uma universidade. Formado, lutou pela liberdade de seu povo e foi preso sob acusação de traição e sabotagem ao regime vigente na África do Sul. Saiu da prisão sem ódio ou sentimento de vingança e, quatro anos depois, foi eleito o primeiro presidente negro de seu país.


 (Companhia das Letrinhas/Divulgação)
Pequenos contos para sentir medo

Autora: Christine Palluy;
Ilustração: Vários;
Editora: Cia das Letrinhas;
R$ 31,50
Quem é que não gosta de ouvir histórias de monstros e outras criaturas assustadoras, daquelas que fazem a gente ter vontade de se esconder debaixo da cama? As que foram reunidas neste volume nem são tão terríveis assim, pois apesar dos personagens pavorosos — um dragão japonês de oito cabeças, uma feiticeira russa, alguns trolls noruegueses, entre outras criaturas assustadoras —, todas terminam com uma lição valiosa: a sabedoria sempre vence o medo e a força bruta.


 (Editora Callis/Reprodução)
O esconderijo das vontades 

Autor: Jonas Ribeiro;
Editora: Callis;
R$ 36
Apesar de ser voltada ao público infantojuvenil, a fábula celebra uma temática de gente grande: a conquista dos sonhos. Imagine uma cidade onde as vontades moram dentro das pessoas. A telefonista quer ser locutora de rádio. O piloto de avião quer ser astronauta e o pianista quer fazer parte de uma orquestra. O livro alerta: cuidado, pois se as vontades forem ignoradas, elas vão embora e procuram outros corações corajosos para se abrigar.

Agradecimentos:
Escola Indi
Casa de Autores